05/02/2009 BC dá visibilidade maior a ranking de juros dos bancos
Acesso a lista com juros cobrados pelas instituições é facilitado em site,
dentro de disputa BC-bancos sobre custo de crédito
No crédito pessoal, juros médios do Bradesco (5,27% ao mês) são quase o dobro
dos 2,80% do BB; Idec vê pouca efetividade na ação
Em mais um capítulo da disputa entre o Banco Central e os bancos sobre a
responsabilidade em relação ao elevado custo do crédito no país, o BC passou a
dar visibilidade e facilitar o acesso na sua página na internet para o ranking
das instituições financeiras que cobram as maiores e as menores taxas do
mercado. O objetivo, segundo o BC, é estimular as pessoas a consultarem a lista
antes de tomar um empréstimo.
O levantamento é dividido em empréstimos a pessoas físicas e empresas e detalha
os juros praticados em cada operação de crédito - como cheque especial,
crediário, capital de giro, entre outras.
A pesquisa é atualizada semanalmente pelo BC há vários anos, mas só ontem a
instituição decidiu colocar uma chamada para os dados logo na primeira página de
seu site, no endereço www.bcb.gov.br.
As informações estão disponíveis no capítulo "taxas de juros de operações de
crédito". O levantamento mostra, por exemplo, que o HSBC cobra, em média, 10,02%
ao mês no cheque especial, quase 50% a mais do que os 6,78% mensais da Caixa
Econômica Federal.
No crédito pessoal, os juros médios cobrados pelo Bradesco (5,27% ao mês)
equivalem a quase o dobro dos 2,80% do Banco do Brasil. Entre os dez maiores
bancos do país, a menor taxa desse segmento é a da Caixa Econômica Federal, que
cobra 2,60% ao mês.
Nas últimas semanas, o BC tem tentado fugir das críticas em relação ao elevado
nível da taxa básica de juros, a Selic, hoje em 12,75% ao ano.
Argumenta que o alto custo do crédito no Brasil não é causado pela Selic, mas
pelo elevado "spread" cobrado pelos bancos.
"Spread" é a diferença entre o custo de captação do banco e aquele cobrado pela
instituição nos seus empréstimos. O governo discute até a possibilidade de
tornar pública um ranking com os "spreads".
Para a advogada Maria Elisa Novais, do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do
Consumidor), a iniciativa do BC em modificar a divulgação do seu ranking deve
produzir pouco efeito prático. "Essa mudança provavelmente não vai ter impacto
nenhum. Essas informações já estavam no site havia muito tempo, já eram
conhecidas, e nem assim os juros caíram", diz a advogada.
Novais diz que a alta e crescente concentração do setor bancário desestimula a
concorrência e ajuda a explicar os elevados juros nos financiamentos, mas
ressalta que a ação do BC não deve ser suficiente para mudar esse quadro.
A divulgação da pesquisa na página do BC na internet causou confusão nos bancos.
Ontem, a filial brasileira do francês Société Générale divulgou um comunicado
para informar que, apesar de ser citado como aquele que cobra os juros mais
baixos no crédito pessoal, esse tipo de empréstimo está disponível só para os
funcionários da empresa, focada em pessoas jurídicas.
Fonte: Jornal Folha de São Paulo – Editoria Dinheiro
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