Restaurante, hotel e até banda de rock reinventam o modo de ganhar dinheiro ao
dar ao cliente a opção de escolher quanto eles merecem ganhar
A cidade de Londres está longe de ser a meca da gastronomia e os chefs de lá têm
de suar o avental para provar que possuem talento diante das caçarolas. Isso,
entretanto, não impediu que o restaurante Little Bay, do empresário Peter Ilic,
ganhasse o mundo com o seu cardápio e com a proposta de uma experiência
gastronômica inesquecível. O cliente pode escolher de entrada mexilhões ao vapor
com creme de vinho branco, panqueca de frutos do mar e salada; como prato
principal, um peixe assado com mescla de cogumelos; e a sobremesa ganha formas
com uma torta de maçã acompanhada de um sorvete de baunilha. É inesquecível por
um ingrediente crucial, que diferencia o Little Bay de todos os outros
restaurantes do mundo. Em vez de apresentar a conta, o garçom pergunta
sutilmente: "Quanto você quer pagar?" É isso mesmo! O cliente paga quanto quiser
pela combinação de pratos que desejar. Detalhe: são mais de 30 opções. "Pode
sair sem deixar um tostão ou pagar 100 libras", disse Peter Ilic, proprietário
do Little Bay, à DINHEIRO.
Ilic, que já havia testado a promoção em seu antigo restaurante, achou que o
momento de crise econômica seria o ideal para reviver a experiência durante todo
o mês de fevereiro. Em dez dias, a clientela usual de mil pessoas por semana
dobrou, e a maioria dos clientes está pagando mais do que os pratos valem. "Esta
é uma ideia que chama a atenção, gera divulgação gratuita e traz lucratividade
ao estabelecimento", comenta o professor de planejamento e estratégia da
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, Marcos Fava Neves.
Para ele, a iniciativa é criativa, porém, perigosa. "Estabelecimentos que não
trabalhem com uma margem de lucro alta não conseguem manter esse tipo de
promoção." Até agora, diz Ilic, os resultados foram positivos. "Ganhei
visibilidade e estou recebendo mais clientes. Mesmo que alguns não paguem pelo
prato, trabalho com a média, e a média está pagando mais que o valor
convencional."
O restaurante não é o único a dar ao cliente a liberdade de escolha. O hotel
Ibis Singapura, do grupo francês Accor, também testou a novidade. O hotel pôs no
ar o site www.paywhatyouwant.com.sg (Pague quanto quiser), também disponível
através de um link na página principal do Ibis. Como funciona? O hotel reserva
um horário específico para que os futuros hóspedes façam suas ofertas. Por serem
disputados, contudo, apenas alguns quartos são oferecidos. "Essa promoção é uma
resposta à crise financeira global e é também a melhor maneira de medir quanto o
mercado está disposto a pagar", disse Hiru Inoue, diretor de marketing do Ibis
Singapura, em entrevista à agência de notícias Reuters. "Esperávamos lances de
US$ 1 e ficamos surpresos em perceber que recebemos lances de até US$ 80." É um
pouco menos do que os US$ 92 cobrados pelo hotel por quartos que estão fora da
promoção.
A crise financeira pode ter acelerado ações como essas, mas oferecer serviços e
produtos gratuitos, ou por preços ínfimos, será cada vez mais comum. Quem
inaugurou esse fenômeno foi o Google, que não cobra nem um centavo pelos seus
serviços e, por isso mesmo, conquistou milhões de adeptos ao redor do mundo. Com
milhões de acessos diários, o site de buscas tornou-se uma ferramenta
indispensável no cotidiano das pessoas e hoje fatura US$ 21,79 bilhões com
publicidade. Até a indústria fonográfica, uma das mais arredias a qualquer
negócio no qual a palavra grátis esteja incluída, se rendeu. Em 2007, o grupo
inglês de rock Radiohead lançou seu CD, batizado de In Rainbows, na internet. O
CD foi disponibilizado para download no site da banda e o internauta podia pagar
quanto achasse justo pelas músicas. A experiência da banda durou dois meses e
foi bem-sucedida. De acordo com o representante do Radiohead, o grupo faturou
mais com as vendas na web do que com a comercialização do CD anterior em lojas.
A banda e o público agradecem.
Fonte: Revista Isto É Dinheiro – Edição 595
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