CAMPINA
GRANDE
COMO VOCÊ
MERECE!
 

 

 


09/03/2009
OMC vê incentivo ilegal em linhas de crédito do BNDES

Supeita é de que haja subsídio ilegal à exportação e aos investimentos; organização pede menor proteção

GENEBRA e BRASÍLIA - Relatório da Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre as práticas comerciais do Brasil levantou a suspeita de que as linhas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não cumprem as regras da OMC. Os parceiros do País aproveitaram o gancho. Boa parte das 600 questões que enviaram a Brasília nas últimas semanas versou sobre esse suposto subsídio ilegal à exportação e aos investimentos brasileiros. A OMC também sugere que o Brasil reduza o grau efetivo de proteção comercial e garanta maior previsibilidade para investidores estrangeiros e agentes do comércio exterior.

O texto embasa o exame das políticas comerciais brasileiras - uma espécie de prova a que o País se submete a cada quatro anos, cuja quinta versão começou nesta segunda-feira, 9 no plenário da OMC. O Itamaraty está ciente da armadilha que pode significar a suspeita levantada pela OMC sobre o BNDES. Em tempos de crise econômica e de temor a uma escalada de subsídios, as linhas do BNDES podem se tornar uma nova controvérsia na organização.

Para a entidade, o governo precisa acelerar a abertura de sua economia para permitir que o País supere a crise que afeta todo o mundo. A sabatina da OMC sobre a política comercial do Brasil se transformou em uma avaliação de todo o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ataque foi claro: nos últimos anos, o Brasil elevou a proteção e, agora, a liberalização do mercado precisa "ganhar novo ímpeto" diante da recessão mundial.

Elaborado por uma equipe do secretariado da OMC, que visitou o país no final de 2008, o relatório esclarece que o BNDES gere mais da metade dos créditos oficiais de longo prazo, destinados à exportação e ao investimento. Citando dados do Banco Central de dezembro de 2007, o texto ressalta que o BNDES aplicou taxas de juros de cerca de 10% ao ano em suas linhas de longo prazo. Para as de curto prazo, a remuneração atingia 33,8% ao ano.

Em duas citações, o texto também chama a atenção para o fato de que a linhas do BNDES para as exportações carregam, como contrapartida, o compromisso de embarque de produtos com conteúdo nacional equivalente a, pelo menos, 60% de seu valor. "Os créditos são concedidos a taxas de juros consideravelmente inferiores às de mercado e, em alguns casos, estão sujeitos a critérios de conteúdo nacional", afirma o ponto 267 do relatório.

O trecho é um alerta de possível incoerência das regras aplicadas pelo banco com o Acordo sobre Medidas de Investimentos Relacionadas ao Comércio. Nem o Itamaraty nem o BNDES quiseram comentar essa insinuação.

Rodada Doha

No texto, o secretariado da OMC desconsidera o ativismo do País nas negociações da Rodada Doha e as declarações contundentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra as opções protecionistas nos atuais tempos de crise. A OMC, ao contrário, sugere que o Brasil reduza o grau efetivo de proteção comercial e garanta maior previsibilidade para investidores estrangeiros e agentes do comércio exterior.

A entidade chama a atenção para o aumento da tarifa média de importação de 10,4%, em 2004, para 11,5%, em 2008, em função da elevação das alíquotas aplicadas sobre produtos químicos, calçados, têxteis e confecções. O texto explica que o Brasil adota a estrutura tarifária do Mercosul e reconhece que o País não ultrapassou a tarifa consolidada na OMC em nenhum dos 9.765 itens da pauta de importação brasileira.

Com sua apuração concluída em novembro de 2008, o relatório não chega a mencionar a tentativa de parte do governo de barrar as importações e de maquiar os dados da balança comercial, no final de janeiro deste ano. Na ocasião, os ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior impuseram licenças não-automáticas sobre 60% da pauta de importação do País. Dois dias depois, por ordem do Palácio do Planalto, revogaram a medida.

O texto deixa claro a maior agressividade da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) na adoção de medidas de defesa comercial - outro tema que gerou dezenas de perguntas dos sócios da OMC ao Brasil. Entre 2004 e 2008, o Brasil abriu 61 investigações antidumping - 22 delas, no ano passado. Pelo menos um terço desses casos envolveu produtos chineses.

No período de exame anterior, de 2000 a 2004, foram apenas 37. Nos últimos quatro anos, a Secex também adotou nove direitos compensatórios (sobretaxas antisubsídios). A medida efetiva de proteção comercial foi evitada. O País continuou a aplicar uma única salvaguarda - sobre as importações de coco, desde 2002.

Crescimento econômico sólido

Segundo a OMC, o Brasil conseguiu se beneficiar do ambiente econômico global e de suas políticas macroeconômicas sólidas para ter um "crescimento econômico sólido". A média de crescimento da economia foi de 4,5% entre 2004 e 2007, depois de uma alta de apenas 1,1% em 2003. O aumento chegou a 6% no primeiro semestre de 2008. Apesar dos esforços do governo em atingir superávit fiscal primário, o setor público continuou com um déficit de 2,1% do PIB.

Agora, a desaceleração da economia mundial representa "novos desafios" ao País e a expectativa é de que a taxa de crescimento seja drasticamente reduzida. "Para superar esses desafios, o Brasil precisa intensificar seus esforços para dar mais ímpeto ao comércio e investimentos, incluindo reduzir a proteção tarifária efetiva, reduzir o uso de proibição de importação e dar mais previsibilidade ao regime de investimentos estrangeiros", afirmou a OMC, em seu relatório preparado sobre o País.

Juros altos

Mas a abertura do mercado não é suficiente para lidar com a crise. Outra proposta da OMC é para que o Brasil "solucione o problema já de longo tempo das altas taxas de juros, o que encorajaria comércio e investimentos e, portanto, a produtividade". "O grau de intermediação financeira no Brasil aumentou", afirmou a OMC.

Para a entidade, a taxa de juros e o spread bancário continuam altos. A OMC aponta que o financiamento de médio e longa prazo no País é feito quase exclusivamente por bancos estatais, com taxas de juros consideravelmente mais baixos do que o prevaleceria numa condição de livre mercado. Mas a OMC adverte: "essas medidas paliativas não são substituto para identificar e corrigir as causas de custo alto de crédito no Brasil".

Fonte: Jornal O Estado de São Paulo – Editoria Economia & Negócios



 
 
.

.

   Parceiros


 
 
 
 

SindCampina.com.br
Av. Mal. Floriano Peixoto, 715 - 3º andar - sala 302 - Centro - Campina Grande - PB - Fone: (83) 3341-1989


Quem criou este site? Quem hospeda este site? Conheça Campina Grande e João Pessoa