27/10/2009 Competição e Individualismo Marcam Novo Cenário Mundial do Trabalho
O novo cenário mundial do trabalho apresenta facetas como a da competição
globalizada e a da ideologia do individualismo. A afirmação foi feita hoje (27)
pelo professor da Universidade de Brasília (UnB) Mário César Ferreira, ao
participar do seminário Trabalho em Debate: Crise e Oportunidades.
De acordo com Ferreira, o que se observa no cenário atual é um processo de
transformações aceleradas, como a interdependência dos mercados, a inovação
tecnológica, a redução do ciclo de vida dos produtos, as redes globais de
comunicação e o crescente conhecimento agregado dos funcionários. Em resumo:
organizações mais enxutas ou as chamadas empresas light, com um forte incremento
da terceirização de serviços e do trabalho autônomo.
“A configuração do mundo do trabalho é cada vez mais volátil”, disse o
professor. Ele destacou ainda a crescente expansão do terceiro setor, do
trabalho em domicílio e do trabalho feminino, bem como a exclusão de perfis como
o de trabalhadores jovens e dos fortemente especializados. “As organizações
preferem perfis polivalentes e multifuncionais.”
Desta forma, a escolarização clássica do trabalhador amplia-se para a
qualificação contínua, enquanto a ultraespecialização evolui para a
multiespecialização. A ideologia da economia espera que o novo trabalhador
mantenha-se atualizado, maneje equipamentos altamente tecnológicos, relacione-se
socialmente e lide com problemas menos estruturados, além de trabalhar em
equipe, explicou Ferreira.
Ele ressaltou que as “metamorfoses” no cenário do trabalho não são “indolores”
para os que trabalham e provocam erros frequentes, retrabalho, danificação de
máquinas e queda de produtividade. Outra grande consequência, de acordo com o
professor, diz respeito à saúde dos trabalhadores, que leva à alta rotatividade
nos postos de trabalho e aos casos de suicídio. “Trata-se de um cenário em que
todos perdem, a sociedade, os governantes e, em particular, os trabalhadores”,
avaliou.
Para a coordenadora da Diretoria de Cooperação e Desenvolvimento do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Christiane Girard, a problemática das
relações de trabalho envolve também uma questão: qual o tipo de desenvolvimento
que nós, como cidadãos, queremos ter?.
Segundo Christiane, é preciso “articular” o econômico e o social, como acontece
na economia solidária. “Ela é uma das alternativas que aparecem e precisa ser
discutida. A resposta do trabalhador se manifesta por meio do estresse, de
doenças diversas e do suicídio. A gente não se pergunta o suficiente sobre o
peso da gestão do trabalho”, disse a representante do Ipea.
Fonte: Agência Brasil
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