18/05/2009 Economia informal cresce em meio à crise,aponta FGV
A chamada economia "subterrânea" - produção de bens e serviços não reportada ao
governo -, que mede o mercado informal e os movimentos ilegais entre os formais,
cresceu ainda mais durante os primeiros impactos da crise econômica no país, no
último trimestre do ano passado.
Naquele período, essa economia teve expansão de 13,6% dentro do PIB (Produto
Interno Bruto), impulsionada pela falta de crédito no mercado formal, que pode
ter levado as empresas a recorrerem a atividades não-declaradas ao governo.
Nos três trimestres anteriores, a expansão da economia subterrânea dentro da
economia total não havia sido superior a dois dígitos. Segundo o Etco (Instituto
Brasileiro de Ética Concorrencial), a economia informal representa de 20% a 30%
do PIB. O levantamento da FGV não detalha valores dessas participações.
"A gente percebe é que a parada de crédito deu uma pancada muito forte na
economia formal, mas os dados não mostram a economia subterrânea sendo afetado
por ela. É até natural, visto que, como é subterrânea, não necessita do crédito
para continuar o seu movimento", afirmou o pesquisador Fernando de Holanda
Barbosa, do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), da FGV (Fundação Getúlio
Vargas).
De dezembro de 2007 a dezembro de 2008, a economia subterrânea teve expansão de
27,1% no PIB, a maior da série iniciada em 2003. Esse movimento foi influenciado
também pelo aumento da atividade econômica durante boa parte do ano passado, que
acabou impulsionando a economia ilegal.
"As economias crescem em paralelo, uma alimenta a outra. Renda gerada na
economia subterrânea é gasto na economia formal, e renda gerada na economia
formal também é gasto na economia subterrânea", explicou.
Outros fatores, no entanto, também determinam o índice da FGV, como o nível da
carga tributária do país, a percepção da corrupção junto a empresários e o nível
das exportações, que segundo Barbosa, é um bom medidor das irregularidades, pela
grande burocratização.
"As variáveis todas combinadas, com exceção da exportação, implicaram nesse
aumento. O nível de atividade contribuiu porque o desemprego estava caindo e a
carga tributária mais uma vez foi o fator com maior contribuição. E a corrupção
também", observou.
Os dados da pesquisa mostram que até setembro, o nível de atividade econômica
era o principal fator que impulsionava a economia subterrânea. Depois da crise,
a influência da carga tributária levou mais gente ao campo da economia ilegal.
"Isso é um sintoma de que alguma coisa está estranha com a economia brasileira.
Deve ter alguma coisa empurrando as empresas para a economia subterrânea, ao
invés de ir para a formal. A principal variável que a gente vê é a carga
tributária, ela explica grande parte desse aumento", comentou Barbosa.
Fonte : Folha Online / Editoria Dinheiro
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